O que é a incontinência urinária ligeira?

O que é incontinência urinária ligeira

Afetando cerca de 600 mil portugueses, a incontinência urinária afeta a qualidade de vida de muitas pessoas. Esclareça o que é a incontinência urinária ligeira e os seus diversos tipos.

A incontinência urinária ligeira é um processo que, em algum momento da vida e por diversas razões, afeta a vida de muitas pessoas. A mesma acontece quando bexiga não consegue armazenar a urina e há perdas involuntárias e indesejáveis. Tudo porque o sistema neurológico de enervação da bexiga ou dos esfíncteres urinários descontrola-se. O sistema esfincteriano de controlo da micção fica frágil.


Há várias causas e diversos tipos de incontinência urinária que afetam cerca de 600 mil portugueses. Existe a incontinência por imperiosidade, incontinência de esforço, incontinência mista por imperiosidade e esforço e, ainda, a incontinência por extravasamento. Essas classificações ajudam a entender as razões da incontinência urinária.

“Existem causas neurológicas, como os traumatismos verbero medulares, lesões neurológicas após cirurgias, sequelas de AVC, sequelas de diabetes, doença de Parkinson, demências”, adianta à NM António Pedro Carvalho, médico urologista, professor do colégio de especialidade de Urologia e professor de Urologia do ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.

As causas são muitas. “Existe igualmente incontinência urinária que resulta de fragilidade da musculatura pélvica em consequência de traumatismos de parto, de cirurgias ginecológicas, de prolapsos, de obesidade, de obstipação. As doenças da próstata e cirurgias prostáticas podem conduzir igualmente à incontinência urinária”, acrescenta o especialista.

Sequelas de AVC, traumatismos pós-parto, obesidade, obstipação e défice hormonal são algumas das causas da incontinência urinária.

As diferenças entre homem e mulher

A incontinência urinária não é igual para homens e para mulheres. O aparelho urinário é diferente e as diferenças explicam-se pela anatomia dos dois sexos. “No homem, o aparelho urinário baixo relaciona muito a bexiga com a próstata e a uretra masculina, sendo definido e condicionado por uma uretra longa e estrutura prostática bem definida”. O que, de certo modo, protege o homem.

No caso da mulher, a estrutura da bexiga e da uretra feminina, muito mais curta, relaciona-se com o pavimento pélvico. “Portanto, todas as patologias – traumatismos de parto, obesidade, obstipação, défice hormonal – que afetam estas estruturas tornam a incontinência urinária mais frequente e de apresentação muitas vezes diferente na mulher, em relação ao homem”.

A incontinência urinária pode ser passageira ou crónica. Há a incontinência que acontece como consequência de uma infeção urinária ou de quadros confusionais, ou seja, temporária. E há a situação crónica que se instala, em definitivo, “num doente desleixado ou mal orientado.” “Evidentemente que existem situações difíceis de tratar nomeadamente em doentes acamados.

A incontinência urinária não é igual para homens e para mulheres. O aparelho urinário é diferente e as diferenças explicam-se pela anatomia dos dois sexos.

Mas a cronicidade de uma incontinência urinária deve ser evitada a todo o custo, dada a repercussão na qualidade de vida do doente”, diz o médico. Os casos crónicos deveriam ser ocasionais, até porque os serviços de Urologia têm consultas de incontinência urinária.

A melhor prevenção é alertar médicos e doentes para o problema, identificar as causas e ter consciência das repercussões na qualidade de vida. “Ter um estilo de vida saudável também vai contribuir para a prevenção da incontinência urinária, nomeadamente evitando a obesidade, as infeções urinárias, a obstipação e os traumatismos de parto, nomeadamente, com consultas pré-parto.” Controlar as patologias que vão surgindo como doenças da próstata, cardíacas e neurológicas, diabetes, ajuda a evitar, retardar ou prevenir a incontinência da bexiga.

“Pensos, fraldas, coletores urinários e, sobretudo, algálias são recursos que devemos evitar a todo o custo. A sua existência é embaraçosa para os doentes, retira-lhes qualidade de vida e representam custos muito maiores do que os tratamentos existentes”, sublinha o médico e professor.

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